Mulheres no Montanhismo
Após finalizar minha palestra no estande da ABETA na Adventure Sports Fair, meu amigo Pedro Hauck me lançou uma questão:
“Vejo que existem muitas mulheres praticando a escalada pelo mundo e gostaria de saber por que você acha que no Brasil não existe um número significativo de mulheres que se lançam no montanhismo?”
Na ocasião, respondi que, resumindo, acredito que a mulher possui uma natureza delicada voltada mais a cuidar da prole e se resguardar, e que por mais que muitas não cheguem a ser mães, naturalmente a mulher foi ´feita´ para procriar.
Pode-se dizer até que a própria TPM (Tensão pré-menstrual) é uma frustração do corpo feminino por não ter engravidado…
Porém, repensei essa questão pensando não só em mim, como em muitas mulheres que praticam o montanhismo pelo Brasil e pelo mundo, que igualam-se a muitos homens, e ao mesmo tempo não deixam de ser femininas, delicadas e mães.
Sendo assim, discuti um pouco o tema com o Pedro e percebi que ao menos no Brasil, o bloqueio é muito mais cultural do que uma questão de natureza.
A meu ver, tal bloqueio começa no fato de que apesar da mulher brasileira não utilizar a burca como nos países do oriente, a maioria dos brasileiros e brasileiras possui uma visão machista e preconceituosa, e isso reflete-se na escolha de atividades, entre elas as esportivas.
Sem dúvida, o Brasil ´castiga´ as mulheres a serem escravas de um papel delicado, o que algumas superam, correndo atrás de uma essência que está por trás desse paradigma…
E para piorar ainda mais, o Brasil é um dos maiores ícones de beleza feminina e de certa forma essa imagem ajuda a frear que muitas mulheres sigam sua verdadeira natureza, massacradas por esse culto à perfeição exterior.
Sendo assim, a manutenção dos cabelos impecáveis, da pele jovem e hidratada, das unhas feitas, do corpo sem muitos músculos, sem roxos nas pernas, do perfume criado em laboratórios superando a essência natural, sem cicatrizes que marquem e relembrem uma história transformam as mulheres em criaturas em séries… e cheias de medo.
Medo de não conseguir, medo de se machucarem, medo de não serem aprovadas… medos…. E o medo as afasta da plenitude e faz com que vivam a busca por uma vida imposta pela sociedade…e NA sociedade.
Resumindo, o homem admira uma mulher que tenha coragem, resistência ao medo, controle do medo, mas no final das contas, ele também é regido por aquela imagem de mulher que será o modelo de mãe perfeita, aquela que foi feita para procriar enquanto ele ´caça´.
Sendo assim, atingir os cumes mais altos, desbrasvar montanhas e mares é um modelo de vida que pode ser vivido plenamente quando os estímulos externos e culturais permitem, não julgam e não condenam, ou quando não se tem medo de seguir o coração e o impulso interior.
O próprio Pedro Hauck me disse que escalou com algumas mulheres muito fortes que não ficavam atrás em nada durante as escaladas.
Concluímos então que não há impedimentos físicos para a mulher.
Concluímos ainda que pessoas, homens ou mulheres, que escolhem praticar atividades de aventura apenas pela imagem “descolada” que isso proporciona, acabam desistindo pois não ´mergulham´ verdadeiramente no espírito.
“Acho que escalada e montanhismo é algo dificil mesmo e poucas pessoas se aprofundam. Claro que com uma cultura machista, das poucas meninas que começam, menos ainda são as que chegarão à nivel avançado, e infelizmente é isso o que tem acontecido, vide o campeonato paulista deste ano, que só teve uma menina inscrita”, comentou Pedro em uma de nossas conversas.
GO DEEP e acredite no seu potencial…
…Indenpendente de sexo, religião, raça, mergulhemos despidos de qualquer estímulo que vá contra a nossa natureza.
Boas descobertas a todos.
Bj,
Janine