Alongamentos para escalada – I

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Esperamos que isto, junto ao conhecimento da própria prática esportiva, possa servir para realizar com maior eficácia uma técnica relativamente tão simples.

Na verdade não é muito correto pensar que simplesmente com os alongamentos aqui propostos se poderá descarregar as tensões segundo a atividade proposta, mas a idéia é que com o conjunto de todas estas partes, ordenadas por atividades, se possa dispor de um pequeno conjunto de não mais de 12 ou 14 alongamentos, que possam contribuir para uma melhor prática esportiva, seja qual for a modalidade que pratique.Também devemos lembrar que, obviamente, estamos falando de situações aonde não há uma patologia prévia. Se caso houver, ainda que os alongamentos estejam indicados como parte do tratamento, deverá ser um profissional da área de saúde quem deverá executar esta tarefa.

De manera análoga e à parte do trekking e caminhada, começaremos esta primeira parte, das duas que contemplam o tema da escalada, abordando alguns simples aspectos biomecânicos. O objeto disso? Muito simples, o que cada um puder encontrar de razões sobre o porquê estamos mais propensos a sobrecarregar e tensionar umas ou outras partes do corpo. Assim como poder intuir que tipo de alongamentos podem ser mais úteis dentro de nossas predisposições particulares.

Esperamos que isto, junto ao conhecimento da própria prática esportiva, possa servir para realizar com maior eficácia uma técnica relativamente tão simples; e que tão boa prevenção constitui para as lesões, fundamentalmente músculo-tendinosas. Neste caso, vamos concentrar os alongamentos na região dos membros superiores, e é por isso que devemos pensar em sua utilidade dentro da escalada. Indubitavelmente uma das atividades de montanha, aonde se faz o maior uso dos braços, antebraços e mãos. Sem esquecermos do resto do corpo, nesta ocasião nos aprofundaremos um pouco mais nestas regiões.Gostaríamos de começar transmitindo uma idéia global sobre os membros superiores, e quando falarmos deles, vamos considerar que teremos que pensar em todo o trabalho da parte de nosso corpo que vai desde a ponta dos dedos, até a região média das costas, quer dizer, até a coluna vertebral. E quando falamos da coluna, praticamente corresponde desde a parte mais superior, no nível cervical, até a região sacro lombar, pois a partir daí já “sobem” músculos encarregados de ações que afetam diretamente as articulações dos ombros.

E não perderemos o conceito de globalidade do corpo por isso, pois inegavelmente, qualquer ação, mesmo que seja de uma só mão, condiciona a totalidade do corpo. Falar de caminhada e membros inferiores, ou de escalada e membros superiores, corresponde à única intenção de sistematizar em alguma medida, assim como de deixar mais claro conceitos e dividir de uma forma “esportiva” estas idéias.

As diferenças básicas que vamos encontrar na, seja qual for a modalidade (esportiva, em gelo, em rocha, misto…) são duas: a base de sustentação se reduz consideravelmente, e os membros superiores são os que servem de apoio para o equilíbrio e a tração (além do impulso básico dos membros inferiores).

Partindo desta base, vemos em seguida duas consequências diretas. Por um lado, toda a musculatura implicada no equilíbrio corporal será submetida a um trabalho extra, e por outro lado, e diretamente relacionado com isto, nossos membros superiores terão que adaptar-se a esta circunstância, já que serão parte do sistema equilibrador, e além disso terão que nos servir para “tracionar” também.

Como consequência, e entrando na matéria, os músculos dos braços que se ocupam de fixar as articulações e aqueles músculos mais relacionados com a escalada, serão os que maior atenção teremos.

Isto que acabamos de dizer significa que teremos que nomear, possivelmente, todos os músculos dos membros superiores, pois de uma ou outra maneira, todos se ocupam da estabilidade articular, ou de colaborar na tração.

Porém vamos tomar como referência duas grandes cadeias musculares que fazem, porcentualmente, muito deste trabalho.

Por um lado, a cadeia que chamaremos “anterior”, por se localizar na parte dianteira do membro. Se incluirão todos os músculos que trabalham na ação de suspensão e fixação, embora também na tração, principalmente se a parede não é totalmente vertical. A modo de exemplo, se nos penduramos com um braço em um galho de árvore, funcionam em grande proporção se nos içarmos com o braço. Falaremos sobretudo do Deltóides, Peitorais, Bíceps, Braquial anterior, e os grupos epitrocleares do antebraço fundamentalmente. E ligados a eles os que nos permitem segurar com a mão: flexores, palmares e os própios dos dedos.Por outro lado, a cadeia que chamaremos “posterior”, por conter alguns destes músculos em regiões mais posteriores que os anteriores (mais para as costas). Embora também possam ajudar a fixar articulações, e de fato o fazem, teêm uma maior atividade na tração, mais quanto mais vertical for a parede. Cabe citar o Trapézio, o Dorsal largo, os Redondos (maior e menor), parte do Deltóides, como mais salientes.

Das diferentes ações conjuntas, de todos eles resultará o efeito final desejado, que é o da ascensão mediante uma soma de posturas convenientemente equilibradas. Porém horas de escalada, e consequentemente, de ação muscular, farão com que inevitavelmente essas fibras musculares tenham sobrecargas, rupturas, Hipertonia… aspecto que podemos melhorar, até solucionar, mediante a correta execução de alguns dos alongamentos que veremos na segunda parte.

Um pequeno detalhe a nível articular para que cada um possa ir pensando em algumas coisas a respeito de como poderemos executar os alongamentos. Como temos visto, há várias articulações que intervém ao nível de todo o membro, e que são: ombros, cotovelo (em conjunto), munhecas e mãos. Uma reflexão sobre como atuam os músculos que nelas trabalham. E quanto aos ombros e cotovelo, é bastante evidente que haverá un deslocamento dos segmentos ósseos. O braço e antebraço irão se mover para subir.Mas, e as munhecas a as mãos?. Pois por vários motivos, entre outras razões da própria capacidade articular, se fixarmos o olhar em qualquer escalador, poderemos ver que são articulações que se “fixam” de certa forma, de maneira similar a como fazem os pés ao caminhar, que é exatamente o que faz um animal quadrúpede: usar quatro membros.Veremos mais adiante na próxima semana que relação pode ter isto com os músculos a alongar, e sobretudo com a forma de alongar. Por enquanto, desfrute de sua saúde com seu esporte.

Até a próxima montanha!!!

Fonte de pesquisas: biblioteca Barrabes Tienda de Montaña

Tradução e adaptação: Beto Joly

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