Conquista na Lajinha – 1ª Investida
Esse projeto ficou na mente por anos, aguardando pelo momento certo… Até que em janeiro de 2012 fui com o Fábio Guerra até Afonso Claudio para repetir algumas vias (veja aqui), juntamente com o Robinho (escalador local). E depois das escaladas pedi para o Robinho nos levar na Lajinha. Senti uma grande necessidade de olhar novamente aquela parede. E lá, aos pés dela, pude atualizar a minha mente sobre aquele antigo e grande projeto. Voltamos em êxtase para Vitória, acreditando que agora sim, seria – aquele – momento!
A parede era imensa, e ao mesmo tempo que tinha o poder de nos empolgar também nos intimidava. E eis que no primeiríssimo grampo a furadeira resolvera não funcionar! Isso por um momento fez bater um grande desânimo grupal. Tínhamos quatro dias de conquista pela frente e sem a agilidade da furadeira o progresso seria muito lento, pois a linha por ser muito longa e sem a presença de nenhuma fenda exigiria a fixação de muitos grampos. Mas o desânimo durou pouco. Como é sempre muito bom estar com parceiros que sabem contornar os imprevistos com muita boa vibe, nos lançamos no desafio de conquistar na força braçal. E assim fomos, furando à base de batedor e marreta!
Tivemos a visita dos amigos Robinho e Bosco que chegaram caminhando. Prosseguimos com a conquista mais um pouco e fechamos o terceiro dia com 650 metros de via. Armamos nossas redes em um ótimo lugar numa matinha do colo e tivemos uma noite tranquila, com um céu muito estrelado fazendo abrilhantar a silhueta da montanha.
Na manhã do quarto e último dia os amigos de Afonso Claudio retornaram ao nosso acampamento juntamente com o Roberto Livre. E nos trouxeram comida, pois demos o mole de deixar na base!
Nosso plano era entrar na parte mais íngrime da parede e prosseguir a escalada até às 12h, pois teríamos muitos rapés para limpar a via tirando as cordas fixas. E assim seguimos conquistando e esticamos até onde o tempo permitiu. Deixamos 700 metros de via aberta até o ponto que acreditamos ser um pouco acima da metade da linha. Toda escalada em livre com grau médio em 4º e alguns trechos em 5º. E mais de 45 grampos batidos na munheca!
Um fato curioso para nós foi que, quando chegamos na Lajinha no primeiro dia e vimos sua grandiosidade, traçamos como meta conquistar até metade da parede, usufruindo da agilidade da furadeira. Com a falha deste acessório tecnológico achamos que o avanço não iria render muito, mas para nossa surpresa, usando de nossa força braçal avançamos até mais que a metade. Isso foi muito motivacional e superou nossas espectativas. Fruto disso esta altamente relacionado entre a boa energia, conhecimento e disposição entre os parceiros de cordada.
É aquilo: por vezes um grande projeto fica adormecido, aguardando o momento e pessoas certas para ser realizado…