O que você faria para chegar ao cume?
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Por Alessandra Arriada
(http://www.minhascertezasincertas.blogspot.com/)
“O que motiva tantos estrangeiros para escalar? Por que razão eles estariam aqui? Para muitos, trata-se de uma atividade econômica. Alguns vêm pelo desafio pessoal, querendo testar a si próprios na montanha, embora esse motivo possa ser um disfarce para a tarefa mais enigmática de se lançar contra os próprios demônios internos. Os que escalam querendo provar alguma coisa a alguém, ou alcançar reconhecimento, costumam ser arrogantes. Muitos outros tem razões mais complexas e sutis, estão trilhando um caminho, em busca de algo além do desafio físico e da glória….” (Jamling Tenzing Norgay, Em Busca da Alma de Meu Pai)
O que cada um de nós estaria disposto à fazer para atingir o cume? Superar medos, limites, dificuldades? Deparar-se com frio, fome, cansaço? Descobrir a impermanência e a fragilidade das coisas diante de montanhas majestosas e imponentes que decidirão por elas mesmas se você será capaz de atingir seu objetivo e se voltará?
Acredito que, alguém que se dispõe a perseguir seus sonhos e atingir seus objetivos e superação, estaria disposto à tudo para atingir “seu” cume. Seja ele com mais de 6000, 8000 metros, seja ele uma pequena montanha de 1000m. Se submeteria à horas de treino, mãos esfoladas, subidas íngremes, pele queimada pelo sol ou pelo frio. Noites mal dormidas, espremidas, esfomeadas. Dias de solidão, solidão a três, a dois, a dez. Estar só, nos pensamentos, reflexões, que perguntam: O que estaria disposto a fazer para atingir o cume? Por que estou aqui, o que estou buscando, por que quero passar por tudo isso?
O que eu faria para chegar ao cume? Eu venceria a mim mesma.
Eu superaria meus cinco venenos da mente, raiva, ignorância, apego, inveja e medo. Eu entenderia de uma vez por todas a indivisibilidade das coisas, o quanto todos estamos ligados e o quanto somos frágeis e impermanentes. Eu daria mais valor à vida, à felicidade, à pequenos momentos… apreciaria melhor todas as paisagens.Para atingir o cume, seria necessário eu exercitar a confiança. Teria que acreditar nas pessoas que fossem comigo, nos equipamentos, na montanha. Acreditar em mim mesma. Ter fé. Acreditar que sonhos são possíveis e que é preciso uma motivação pura. Eu precisaria de paciência. Tranquilidade.
Eu tentaria estabelecer em meu coração, respeito. Respeito pela natureza, pela montanha à ser conhecida, mas nunca conquistada. Respeito e gratidão por aqueles que lá habitam ou à que lá pertencem.
Na montanha, para se chegar ao cume, nos deparamos com nosso âmago, com nossa natureza mais intrínseca, mais rudimentar. Longe da tecnologia e de todas as facilidades, longe dos limites de convivência da sociedade, nos encontramos em uma situação extrema em que agimos por nossos impulsos e sentimentos mais espontâneos e de sobrevivência.
Eu iria ao encontro de mim mesma…
TEXTO SUBMETIDO AO CONCURSO DO FILME EXTREMO-SUL CONCORRENDO À UMA VIAGEM À PATAGÔNIA (que eu perdi, mas depois fui a Patagônia, quem sabe não foi devido a esse empenho…)
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Valeu, espero que todos gostem, beijao