Pense Positivo
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Ficar otimista enquanto está machucado pode ajudar a voltar aos treinos mais rápido e com melhores resultados. Siga as dicas.
Por Carla Di Pierro
As lesões são um problema para o atleta amador porque elas pressupõem perdas esportivas, físicas e psíquicas. Existe uma perda imediata e futura de rendimento, devido ao tempo parado e de recuperação da lesão. Além disso, o tempo ocioso, antes ocupado pela corrida, traz a sensação de perda de performance, ganho de peso, e o atleta não se vê mais capacitado a realizar o que antes fazia com facilidade.
O trauma físico geralmente traz dor o que também dificulta o período da lesão. Sentir dor causa irritabilidade e mudança de humor e pode ajudar a instalar uma depressão. Junto do trauma físico necessariamente vem o “trauma psíquico” que está relacionado com o limite, fracasso e frustração que a lesão proporciona ao atleta. Por conta disso, o período de reabilitação de um atleta lesionado deve ser levado a sério, considerando sua recuperação física e emocional.
Um atleta lesionado passa por diferentes fases durante a lesão: a primeira delas está relacionada à negação e acontece quando o atleta não dá valor para dor que sente negando que o corpo está lhe colocando um limite físico. Num segundo momento, ele se dá conta de que está machucado e geralmente fica com muita raiva. A terceira etapa é quando a “ficha cai” e ele percebe que precisará tomar algumas ações para melhorar sua situação, esta é a fase da negociação. A partir desta etapa ele começa a enxergar-se como atleta lesionado, portanto existe a possibilidade de ficar mais deprimido, sentir-se perdendo a identidade de atleta e excluído do grupo de corrida, esta é a fase da depressão. Se este momento é bem elaborado pelo atleta, ele parte para a etapa de aceitação e reorganiza a vida, a fim de voltar logo e inteiro para os treinos.
O que pode acontecer é o atleta fixar-se na etapa da depressão quando ele se sente despersonificado, o que pode gerar medo, ansiedade, falta de confiança e trazer comportamentos desajustados como obsessão pelo retorno o mais breve possível, retorno precoce associado a lesão reincidente, reclamações exageradas e alterações rápidas de humor.
Neste caso, o atleta vive a culpa e o pessimismo, o que não ajuda no seu humor e na sua motivação para recuperação. O ideal é estar atento para cada uma das fases perceber-se passando por elas e superando-as. Na fase depressiva, quando reina o pessimismo, é importante questionar estes pensamentos e comportamentos, e procurar basear-se em evidências realistas de que é possível se recuperar. Ouça seu médico, fisioterapeuta, técnico e valorize suas falas. Entenda sobre sua lesão, suas possíveis causas, seu tratamento e que cuidados terá que tomar daqui em diante. Procure exemplos próximos de reabilitações bem sucedidas e encare a recuperação.Estabeleça metas realistas com os profissionais que estão te tratando, por exemplo: até dia “x” o trabalho é de analgesia, a partir disso serão “y” semanas de fortalecimento, para na semana “z” iniciar um treinamento adaptado as suas condições. Com estas dicas você se sente no controle do processo e não a mercê das decisões dos profissionais que o acompanham.
Perceba que sua atitude diante da reabilitação também faz parte do processo como um todo. Seja otimista, valorize e confie nos profissionais que estão lhe ajudando e participe intensamente.
Lembre-se que este pode e deve também ser um momento de reflexão e aprendizado. É Importante pensar a seu favor e tirar proveito das conseqüências positivas de uma lesão. A lesão faz o atleta entrar em contato maior com seu próprio corpo, pensamentos e emoções. Ela pode trazer crescimento pessoal e de performance sustentados psicologicamente. Após uma contusão, os atletas devem aprender como seu corpo responde às demandas do treinamento e da rotina do seu dia-a-dia.
Seja Positivo e Realista!
Carla Di Pierro é Psicóloga do Esporte Do Instituto Vita