Restrições de acesso em áreas de escalada
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Lukinha na “Morcheeba 8b”, Pedra da Divisa, SP
Silvério Nery é montanhista e presidente da Federeção de Montanhismo do Estado de São Paulo (Femesp) e da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME). No artigo abaixo, ele relata as preocupações com as freqüentes restrições impostas às áreas de escalada. Acompanhe.
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Caros Montanhistas,Como muitos de vocês já sabem, ano passado tivemos o fechamento da Pedra do Guaraiúva para escaladas. Neste começo de ano já tivemos três indicações – um sinal amarelo – de problemas atribuídos ao comportamento de escaladores em locais tradicionais de escalada. A Serra do Lenheiro permaneceu fechada durante o Carnaval, fato inédito. Logo em seguida o Eliseu Frechou lançou um alerta sobre problemas na Pedra da Divisa, indicando que o proprietário, Sr. Dimas, está insatisfeito com o comportamento dos freqüentadores. E alguns dias depois, na lista de discussões da ABRESCA, de Brasília, surgiu um alerta semelhante sobre Cocalzinho, a imensa área de boulders que fica no Parque Estadual dos Pirineus, perto de Pirenópolis (GO), que é freqüentada por escaladores do Brasil inteiro.
Infelizmente parece que muitos locais de escalada estão sendo freqüentados por pessoas sem conhecimento de regras básicas de convivência e sem noções mínimas de ética na escalada e de condutas de mínimo impacto na natureza. E o pior é que está sobrando para os escaladores e montanhistas, que vem enfrentando o fechamento de áreas ou o aumento de barreiras burocráticas para poder freqüentá-los. Creio que é hora de atacar o problema por todos os meios ao nosso alcance.
Cada um pode e deve fazer sua parte, o trabalho de formiga pode dar excelentes resultados. Ninguém gosta de chamar a atenção de outra pessoa em um lugar público, mas pode ser necessário fazê-lo, com bastante jeito e diplomacia ao nos depararmos com uma conduta inadequada. Também podemos utilizar os meios de comunicação disponíveis para um alerta geral e irrestrito. Existem várias revistas e jornais de escalada; e, os sites e blogs que não param de aumentar. Aqueles que tiverem acesso a esses meios podem abordar o problema da necessidade de todos seguirem a ética do montanhismo e colaborarem para o mínimo impacto no sentido amplo, seja para conservar o meio ambiente, seja para conservar o bom relacionamento entre os montanhistas e, principalmente, a boa vontade e a colaboração dos responsáveis pelas áreas de escalada e de caminhadas públicas e privadas. Como referência geral de conduta, sugiro utilizar o Código de Ética da FEMESP, que pode inclusive ser distribuído em papel ou via internet.
Nossa preocupação é grande, pois a tendência é a má fama dos escaladores se espalhar, contribuindo bastante para denegrir a imagem da comunidade como um todo. Isso pode resultar numa cascata de portas fechadas, com a perda de muitos espaços que conquistamos duramente nos últimos 5 anos e até mesmo dos que já estavam abertos antes disso.
Silverio Nery
Presidente da FEMESP e da CBME
Fonte: www.webventure.com.br