Segurança em Ginásio

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Por André Berezoski

Qual escalador que frequenta um ginásio de escalada e que não tenha presenciado algum possível acidente que poderia ter sido grave e evitado? Apesar dos esforços de proprietários e instrutores em oferecer o que há de melhor em equipamentos e informações para seus usuários, ainda sim não são suficientes para prevenir erros básicos, como um mosquetão aberto no top rope ou o escalador quase bater no chão por falha de seu companheiro na segurança guiando.

Os fatores que levam a esse tipo de falha estão relacionados à sensação de conforto e segurança que os ginásios proporcionam, por ex.: ao entrar em um ginásio, o ambiente é agradável, encontra-se várias pessoas conhecidas, o clima controlado, ouve-se música, alimentação disponível etc. Tudo isso gera nos escaladores muita descontração e conforto, porém estamos tratando de um esporte de risco, ou seja, a segurança ainda deveria estar em primeiro plano, mas como é uma atividade que se executa várias vezes durante um dia de escalada o ato da segurança se torna automático e para muitos até chateia; os escaladores só relembram que a segurança é importante após um susto qualquer.

O que mais chama a atenção é o fato de que os incidentes mais sérios que acontecem em ginásios são causados por escaladores que têm mais “experiência”, por incrível que pareça. O escalador novo não confia em si mesmo por ainda não ter a habilidade motora desenvolvida para uma segurança perfeita, isso gera uma atenção dobrada quando realiza a segurança. Já o mais “experiente” está dando segurança aqui, mas visualizando outro escalador do outro lado do ginásio realizar os movimentos de uma via que ele tentará a seguir, ou simplesmente conversando com outra pessoa enquanto faz a “segurança” de seu companheiro e, confiante por ter realizado inúmeras vezes o ato da segurança, acredita ter o controle absoluto sobre qualquer situação que possa vir a acontecer.

Os exemplos mais comuns que acontecem normalmente em qualquer ginásio são:

– Cadeirinha com fivelas não fechadas completamente.
– Mosquetões abertos.
– Escolha da corda errada para uma via em top rope.
– O escalador no meio da parede e a corda nem começou a ser recolhida.
– Mão na alavanca do grigri sem estar com a outra mão na corda.
– Mão na alavanca do grigri para liberar corda na escalada guiando.
– Pular costuras na ansiedade de mandar uma via deixando de lado sua própria segurança.
– Falta total de concentração por parte dos seguradores.
– Encordar-se em local errado.
– Descer com “emoção”.
– Back clip, Z clip, laço da sapatilha clipado na costura etc.

Todos esses itens estão relacionados à distrações produzidas em ginásios de escalada, que, se não forem bem controladas e corrigidas, podem ser transferidas para a escalada em rocha.

Há quem diga que o santo de todos os ginásios de escalada são fortes, mas ainda é melhor acreditar que acidentes foram e serão evitados com o fator humano, seja com olhos clínicos de instrutores experientes em antecipar possíveis erros na segurança, bom treinamento de novos instrutores, equipamento adequado por parte dos proprietários, mas o mais importante deve partir da consciência de cada praticante de saber que além de ser um esporte divertido e motivante, a escalada ainda deve ser encarada com seriedade em relação à sua segurança e de seus companheiros.

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