Waldemar Niclevicz: “O nosso esporte não mutila pessoas”

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Alpinista paranaense, que acabou de completar a ascensão do Makalu, fala da visão distorcida que se criou em torno da morte de brasileiros na escalada de grandes montanhas.

Há 10 anos, morria o alpinista carioca Mozart Catão, no Aconcágua (Argentina). Oito anos depois deste acidente, foi a vez do brasileiro Vitor Negrete falecer na descida do Monte Everest (Nepal). Estas mortes de dois ícones do alpinismo brasileiro ainda refletem nos que buscam levar o esporte adiante no país, como o paranaense Waldemar Niclevicz.

Antes da expedição que chegou ao cume do Makalu, também no Nepal, o alpinista buscou patrocinadores e sentiu de perto o preconceito. A idéia equivocada de que a modalidade mata dificulta o desenvolvimento do alpinismo, e do surgimento de novas expedições e conquistas pata o Brasil.

“Está errada essa idéia. O nosso esporte não mutila pessoas, desde que você tenha consciência e respeite os seus limites, sabendo que todas as suas atitudes terão conseqüências. Na hora que acontece um acidente com um alpinista, reforça essa posição de que o alpinismo é perigoso, que é uma loucura arriscarmos as nossas vidas, e é exatamente o contrário”, afirmou Niclevicz.

Para evitar maiores problemas em sua mais recente conquista, o paranaense utilizou cilindros de oxigênio. Já outros alpinistas que optaram em correr o risco de concluir a escalada sem o recurso acabaram vivendo dramas no Makalu. “Ajudamos uma italiana que estava com hipotermia, com os pés congelados. Com certeza ela sofrerá amputações por conta disso, infelizmente”, revelou.

O acidente mais recente com Negrete também seviu de alerta a Waldemar Niclevicz. “O Vitor sentiu dores no peito e contraiu um edema pulmonar porque não quis utilizar oxigênio. Esta morte foi muito triste e negativa para todos nós, e por não querer sofrer desta ‘mal da montanha’, preferi respeitar os meus limites. A montanha não é um lugar para recordes, mas sim para integração com a natureza”.

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