Yôga e Escalada

Tempo de leitura: 5 minutos

Por Claudia Faria

O que é preciso para escalar bem?
Esse é um tópico muito discutido entre esportistas, talvez seja preciso força, equilíbrio, flexibilidade, entre outros fatores físicos.

Muito observo escaladores de diferentes aspectos, a maioria com todas as características citadas acima. Contudo acabo percebendo que não basta apenas fatores físicos para se desenvolver e evoluir neste esporte, pois o que mais segura um escalador é a falta de controle emocional, é saber controlar o psicológico e as emoções quando se depara com um fator de risco, com uma cadena no limite ou simplesmente com a sensação que poderá cair.
Yôga é uma filosofia estritamente prática que conduz ao samádhi.(Mestre DeRose)
Sámadhi é um termo em sânscrito que significa autoconhecimento, hiperconsciência, estado que só o Yôga proporciona.
Essa filosofia surgiu a mais de 5.000 anos na Índia antiga, foi criada por um homem de estatura mediana, pele escura, cabelos longos e negros, um bailarino chamado Shiva.
Essa filosofia cujo nome se denomina Yôga (união), é muito praticado por esportistas em geral, por proporcionar flexibilidade, alongamento, tônus muscular, equilíbrio, etc.

Gosto muito de comparar a escalada ao Yôga porque uma das características do Yôga Antigo, é ter agregado uma filosofia naturalista o que se assemelha muito com a proposta da escalada em conviver junto a natureza se identificando com ela quando se está em uma montanha ou até mesmo em uma falésia ou em algum setor de boulder, etc.
Você já se observou que às vezes antes de começar uma via, um boulder, uma escalada qualquer como seu corpo reage? Ou mesmo parado apenas pensando e lendo os movimentos da via, seu corpo já começa a responder com uma respiração acelerada, músculos tensos, trêmulos e seu coração começa a bater cada vez mais rápido?
As mãos começam a soar e logo você pega no magnésio para secá-las, mais não adianta, você está envolvido por um grande medo, ansiedade e nervosismo! Mesmo antes de colocar as mãos na primeira agarra seu corpo já sofreu uma descarga de adrenalina.

O resultado é uma considerável perda de energia e queda do rendimento, facilitando para o tremor de suas pernas justamente no crux! Resutado? Lá se foi a sua cadena!
Isso tudo ocorre por falta de controle emocional, e veja só que interessante, a emoção está ligada diretamente com a respiração!Dentro da prática do Yôga Antigo, existe um anga (parte), voltada somente para aprender a respirar corretamente, usando toda sua capacidade pulmonar. Contudo a prática do Yôga Antigo, não se limita em apenas respirar, mais aplicar pránáyáma (expansão da bio-energia através do respiratório), técnica que lhe proporcionará uma captação de energia vital, essa energia denomina-se prána, sua maior fonte é a energia solar que está contido em diversos alimentos como as frutas, por exemplo.
Muitos escaladores acreditam que quanto mais desenvolvem os músculos, menos flexíveis eles ficam e tem receio de se alongar para não perder sua força muscular, de fato, mais entenda que alongamento é outra coisa bem diferente que flexibilidade.
O SwáSthya Yôga ( pronuncia-se suásthya) possui uma divisão de técnicas que desenvolvem a musculatura de forma extremamente harmoniosa, conferindo domínio até de músculos considerados involuntários, o que contribui para uma melhor performance superior a qualquer esporte, dança ou luta. E ainda garante uma proverbial flexibilidade articular e muscular obtidas mediante eliminação de tensões localizadas, a conscientização de grupos musculares e as permanências maiores no ponto culminante de solicitação. (muitos escaladores ao longo do tempo acabam se lesionando nas articulações dos dedos, joelhos, ombros e costas).
Além de auxiliar com o fortalecimento e flexibilidade muscular o Yôga contribui para dominar o equilíbrio corporal.
Quantas vezes você já se deparou em meio de uma parede realizando movimentos delicados como subir o pé na pequena agarra onde sua mão está segurando? Ou aquele pé tão alto que chega até te jogar pra fora da parede e você cai!

Essa queda pode ter sido influenciada por alguns motivos como a falta de equilíbrio, flexibilidade ou até força de pressão na mão. Existe uma técnica que se chama ásana (pronuncia-se ássana) que são os procedimentos orgânicos do Yôga.

Os ásanas são aquelas partes mais visíveis, onde pode ser fotografado, é considerado uma posição estável, confortável e estética. Sendo assim existem tantos ásanas quantos seres vivos.
A compensação é fundamental para que os estímulos físicos só proporcionem benefícios e jamais comprometam sua coluna ou sua saúde em geral. O que ocorre normalmente a um escalador que não usa nenhum recurso para compensar os músculos do seu corpo, ao longo prazo, logo se percebe um desvio na coluna, ombros tombados para frente, dores nos dedos, a tendência de ficar com a palma da mão sempre um pouco fechada, e por ai vai.
Os ásanas podem ser utilizados para compensar muitos movimentos da escalada e até estimular regiões do corpo que ainda são fracos. (contudo, não se deve praticar Yôga só pensando em seus benefícios, isso o limitara)Na escalada é preciso ter muita concentração, desde na colocação de proteção de uma via, na sua leitura, na movimentação e a cada milímetro de deslocamento na parede. A interação com a mente, corpo e a escalada é muito importante para realizar seu objetivo.
As vezes quando se está escalando o mundo parece parar, sua mente se esvazia de todos os pensamentos e você tem a atenção somente para a via que está realizando, chega até parecer que nada mais existe e que você se transformou na própria pedra!
A meditação é a supressão das instabilidades da consciência, ou seja é a parada dos pensamentos. Quando se chega a este estado, a consciência se expande.

Veja um exemplo:

Você está encadenando uma via, aquela via que se determinou fazer a certo tempo. E você começou a escalar. Sem perceber você está chegando ao seu fim, aliás, faltam apenas três movimentos, que já não são os mais difíceis. “Que bom, mandei a via!” – Você pensa! Infelizmente você pensou, e conseqüentemente desviou por segundos a sua atenção da via, resultado, queda!Essa queda foi resultado da sua emoção. Ao sentir que iria cadenar a via, você tirou sua concentração do que estava fazendo. Enquanto sua mente estava vazia apenas vivenciando o presente, você estava concentrado apenas nos movimentos da via, mais ao pensar no futuro, houve um desvio da atenção do presente deixando sua emoção falar mais alto.
Com técnicas de meditação aprende a controlar as dispersões que sua mente pode lhe causar em muitos momentos importantes, não só na escalada mais para toda sua vida.
Gostaria de enfatizar que Yôga, não é religião, não é algo místico nem espiritual. Yôga é uma filosofia de vida estritamente prática, por isso só é Yôga quando se está praticando.
Para Interessados em praticar Yôga ministro aulas na academia de escalada Casa de Pedra Perdizes, em grupos e personal.
Celular – (11) 9463-5595
Claudia FariaInstrutora de SwáSthya Yôga
Monitorada pelo Mestre DeRose
Formação profissional uni-Yôga (Primeira universidade de Yôga)
Fainc – faculdades integradas Coração de JesusFaculdade Belas Artes de São Paulo

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